sábado, novembro 12, 2005

EFEMÉRIDE DO DIA

12 de Novembro de 1840
Nascimento de Auguste Rodin, um dos maiores escultores do século XX.

Auguste Rodin

Artista francês (1840-1917) que é considerado um dos maiores escultores do século XIX e um pioneiro na pesquisa das possibilidades plásticas oferecidas por novas matérias-primas.


12 de Novembro de 1991
Massacre no cemitério de Santa Cruz, em Timor Leste

História

Os primeiros contactos de portugueses com a ilha de Timor datam dos inícios do século XVI: após a conquista de Malaca e consequente domínio dos mares e do comércio da Insulíndia, o sândalo atraiu navegadores portugueses, que terão chegado à ilha por volta de 1514; em 1556, chegavam os primeiros missionários. A conquista foi lenta, tendo encontrado numerosos obstáculos, desde as resistências locais até aos ímpetos expansionistas de outras nações asiáticas e à conquista holandesa. Portugal ficaria senhor de metade da ilha, não sem alguns problemas de soberania, que deram origem a "guerras de pacificação". Na Segunda Guerra Mundial a colónia foi invadida e ocupada pelos japoneses. Entre 1942 e 1945, o território foi palco de combates que opuseram o exército imperial japonês e uma heterogénea coligação de esforços militares (comandos holandeses e australianos, degredados portugueses e timorenses), sem que Portugal tivesse intervenção directa no conflito. Com o fim da guerra, Portugal readquiriu o domínio sobre Timor, seguindo-se um período de quase três décadas em que não se manifestaram movimentos independentistas. Mesmo as guerras nas colónias africanas não encontraram eco na longínqua Timor. A razão para a ausência de sentimentos ou movimentos defensores da independência da colónia poderá residir no facto de o domínio português ter funcionado, ao longo de séculos, como aglutinador de vários povos e defensor da identidade étnica, cultural e política da região face aos vários expansionismos em acção na Insulíndia; além disso, a presença portuguesa não assumiu um carácter de exploração económica, visto que a precária economia timorense era dominada por uma pequena burguesia de origem chinesa, há muito estabelecida no território.
Após o 25 de Abril de 1974 a vida política timorense tornou-se activa, embora seja notório o atraso com que o novo poder se apresentou a tomar as rédeas do governo local. A liberdade de formação de partidos políticos, prontamente aproveitada, permitiu o aparecimento de diversas formações partidárias: a União Democrática Timorense (UDT), partidária de uma autonomia progressiva dentro do espaço imperial português, que evoluiu para a proposta de uma independência a curto prazo; a Associação para a Integração de Timor na Indonésia (AITI), mais tarde denominada APODETI; a Associação Social-Democrática Timorense (ASDT), que mais tarde veio a adoptar o nome de Frente Revolucionária de Timor Leste (FRETILIN), partidária da independência imediata; outros pequenos partidos, não reconhecidos pelas autoridades portuguesas, como a Associação Popular Monárquica Timorense e o Partido Trabalhista.
Os motores da política local foram os três primeiros partidos mencionados, que o governador Lemos Pires procurou associar numa coligação que garantisse a transição pacífica. Em Julho de 1975, Portugal reiterou o direito do povo de Timor à autodeterminação e à independência, não conseguindo, no entanto, refrear os ânimos. Uma fugaz coligação entre a UDT e a FRETILIN (Janeiro a Maio de 1975) falhou e Timor caiu rapidamente numa situação de guerra civil. A UDT tentou apoderar-se do poder por meio de um golpe de Estado, seguindo-se um contra-golpe da FRETILIN. Timor mergulhou na violência fratricida e o governador, destituído de orientações precisas de Lisboa e sem força militar suficiente para reimpor a autoridade portuguesa, abandonou a capital e refugiou-se na Ilha de Ataúro. Em 28 de Novembro de 1975, a FRETILIN, que controlava uma parte significativa do território, proclamou unilateralmente a independência e, no dia seguinte, os restantes partidos pediram a intervenção da Indonésia, que lançou uma invasão em grande escala a 7 de Dezembro (na realidade, já desde Outubro que havia notícia de violações de fronteira por militares daquele país). Em consequência destes acontecimentos, Lemos Pires abandonou em definitivo o território. A Indonésia justificou a invasão alegando a defesa contra o comunismo, discurso que lhe garantiu as simpatias dos governos americano e australiano, entre outros, mas que não impediu a sua condenação pela Comunidade Internacional.
À invasão indonésia seguiu-se uma das maiores tragédias do pós-guerra. A Indonésia recorreu a todos os meios para dominar a resistência: calculam-se em duzentas mil as vítimas de combates e chacinas; as forças policiais e militares usavam sistemática e incontroladamente meios brutais de tortura; a população rural, nas áreas de mais acesa disputa com a guerrilha, era encerrada em "aldeias de recolonização"; procedeu-se à esterilização forçada de mulheres timorenses. Simultaneamente, a fim de dar ao facto consumado da ocupação um carácter irreversível, desenvolveu-se uma política de descaracterização do território, quer no plano cultural (proibição do ensino do português, islamização), quer no plano demográfico (javanização), quer ainda no plano político (integração de Timor na Indonésia como sua 27.a província). A esta descaracterização há que acrescentar a exploração das riquezas naturais através de um acordo com a Austrália para a exploração do petróleo do Mar de Timor.
No terreno, a guerrilha não se rendeu, embora com escassos meios materiais, humanos e financeiros e apesar de ter sofrido pesados desaires, como a deserção de dirigentes e a perda de outros, por morte em combate (Nicolau Lobato) ou por aprisionamento (Xanana Gusmão). Embora reduzida a umas escassas centenas de homens mal armados e isolados do mundo, conseguiu, nos tempos mais recentes, alargar a sua luta ao meio urbano (manifestações de massas) e manter no exterior uma permanente luta diplomática, para o que contou, em muitas circunstâncias, com a compreensão e o apoio da Igreja Católica local, liderada por D. Carlos Ximenes Belo, bispo de Díli. Simultaneamente, no exterior, Portugal, que nunca reconheceu nem a declaração unilateral da independência pela FRETILIN, nem a anexação pela Indonésia, mobilizou a Comunidade Internacional para a resolução do problema. Organizações humanitárias, como a Amnistia Internacional, denunciaram as violações dos direitos humanos e as conivências com o invasor; a Organização das Nações Unidas recusou reconhecer a anexação, continuando a considerar Portugal como potência administrante, e encarregou o seu Secretário Geral de diligenciar no sentido de encontrar vias diplomáticas para a resolução pacífica do conflito e para a garantia do direito dos timorenses à autodeterminação e à independência.
A atribuição, em 1996, do Prémio Nobel da Paz a D. Carlos Ximenes Belo e a José Ramos-Horta, porta-voz internacional para a causa de Timor Leste, indiciou uma consciencialização a nível internacional em relação a Timor Leste.
Em 1998, o General Suharto deixou o poder e foi substituído pelo vice-presidente Habibie. O regime começou então a dar sinais de abertura. Em Maio de 1999, representantes das Nações Unidas foram enviados para Timor Leste como observadores e para preparar o referendo sobre a autodeterminação dos timorenses, que se veio a realizar a 30 de Agosto de 1999, tendo o resultado sido de 78,5% de votos a favor da independência de Timor Leste. Desde então o território passou a ser denominado de Timor Loro Sae. Na sequência dos resultados, enormes massacres sucedem-se por acção indonésia sem que a comunidade internacional consiga intervir e pôr fim à violência. No entanto, ao fim de algum tempo, uma força internacional, denominada Interfet, foi enviada para o território com o objectivo de assegurar a paz.
A 19 de Outubro de 1999, o Parlamento da Indonésia anulou o decreto da anexação de Timor Leste como 27.a província da Indonésia.
Xanana Gusmão, entretanto libertado pelos indonésios, assume a liderança do Conselho Nacional de Resistência Timorense (CNRT) e representa Timor nas suas acções diplomáticas pelo mundo e junto às Nações Unidas.
Inicia-se um período de transição política até à realização de eleições, estabelecimento da Assembleia Constituinte e independência.
A 14 de Abril de 2002, Xanana Gusmão é eleito presidente da República e a 20 de Maio o país conquista em definitivo a independência.

Com a devida vénia à Porto Editora

Sem comentários: